Percorro a calçada fria da cidade. As ruas alinhadas, as esquinas da espera.
Revejo-me em olhares, em gestos, em sons.
Perco-me nas gargalhadas que oiço, nos sussurros que sonho. Imagino serem aquelas as minhas mãos, ser meu o corpo que abraça.
Oiço o apelo da cidade e deixo-me ir. Há muito que a amo, há muito que a sinto em mim.
Nas janelas, as gotas da chuva demoram-se chamando para o interior quem nelas se reflete. Cá fora cruzam-se vidas em busca de um reflexo…
O relógio marca um tempo já longo e o frio anuncia o chegar da noite. A cidade veste-se de inverno, veste-se de esperança. Em cada esquina partilham-se vidas. Partilham-se sonhos.
Tinhas saudades tuas. Saudades de me perder em ti. Gosto de voltar e saber que manténs o sorriso, que nada mudou entre nós…
Há muito que a amo e agora que a vejo tão perto não deixo de a amar.
Há quem diga que a proximidade desfaz as coisas e cada vez tenho mais a certeza que para mim as aumenta. Agora que mais perto dela e de ti espero que se cruze tudo e o sorriso volte…
Voltará! E esteja ele presente ou não, cá estaremos nós… Seja na cidade ou noutro ponto qualquer…